Esperando Deus
- Kaos Imaginário
- 25 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jun.
Esperando Deus é uma peça de gênero pós-existencialista que explora a temática da espera interminável e a busca por soluções externas para os problemas da vida. Ambientada em um cenário atemporal e desértico, com elementos simbólicos como árvores estilizadas feitas de balões e elásticos, a obra se desenrola em um espaço de arena onde não há separação entre atores e espectadores, tornando o público parte indissolúvel do cenário. A interpretação dos atores transita entre o hipernaturalismo, expressionismo e o clownesco, criando uma linguagem corporal e estética marcante que acentua os sentimentos de dor e perda.
A trama central gira em torno de Vladi e Estra, dois personagens que aguardam pacientemente e de forma tediosa pela chegada de Deus, acreditando que Ele transformará suas vidas e resolverá a raiz de seus problemas. Eles estão presos à fé e à inércia, batendo claras de ovos como um passatempo para aliviar a espera.
Em contraste, Pozzo é a figura de poder e manipulação, um senhor todo-poderoso que adquiriu seu domínio através do sacrifício de outros e detém o conhecimento humano, interferindo nos caminhos dos demais. Ele está sempre vigilante, usando um binóculo e ordenando a poda de balões que representam sonhos, causando aflição em Vladi e Estra. Lucky, um prisioneiro de Pozzo, possui poderes sobre a natureza e o cosmo, mas está limitado pelos desmandos de seu mestre. Sua função é zelar pelo equilíbrio do universo e podar sonhos impossíveis, uma tarefa que lhe causa amargura. A mala de Lucky contém a essência de sua alquimia mágica e os poderes que equilibram o universo, enquanto suas correntes simbolizam sua prisão, que só pode ser quebrada pelo desejo e atitude dos próprios humanos.
A interação entre os personagens é marcada pela dúvida, o desespero e a constante espera por uma mudança que parece nunca chegar. A peça utiliza elementos como códigos de barra presentes em personagens e objetos, que simbolizam a identificação massificada e codificada do mundo contemporâneo. O público é ativamente envolvido na representação, sendo conduzido ao espaço cênico e tendo seus pés e mãos amarrados a elásticos que convergem para o centro, simbolizando a ligação com o mundo real e a capacidade de manipulação ou de ser manipulado.




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